O Blog Resenha | A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água - Jorge Amado
A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água provavelmente seria um livro que não me chamaria muita atenção na livraria, apesar de ser um clássico. Mas talvez por ser um clássico da literatura brasileira, minha professora de português pediu que lêssemos para a prova, e, sério eu não estava nem um pouco animada porque tive que parar a leitura de Twenties Girls da Sophie Kinsella, no meio. Apesar de não ter ficado muito contente com a interrupção, me surpreendi, achei até que bem interessante para um livro de 1961, tão interessante que me deu vontade de fazer uma resenha aqui no blog. Então vamos lá!
Cena do filme Quincas Berro D'água, de 2010 |
Joaquim Soares da Cunha era Servidor Público. Homem digno, pai e marido exemplar, admirado por todos, até que no dia de sua aposentadoria, resolve jogar tudo para o ar, fugir dessa vida engessada que viva, essa vida pacata de homem "exemplar". Daí em diante Joaquim se torna Quincas Berro D'Água, o bêbado vagabundo mais querido (e ao mesmo tempo odiado) da Bahia.
O livro começa já anunciando a morte de Quincas, uns afirmam que ele já estava morto quando foi encontrado deitado "dormindo" envolto em trapos e com um sorriso sarcástico no rosto, já outros, que ele estava vivo e só foi morrer tempos depois. Sua confusa morte, cria um alvoroço em toda Salvador e rapidamente milhares de versões e fofocas sobre ela vão surgindo.
Vemos primeiro a reação da família à morte de Quincas e vamos percebendo a relação que ele mantinha com os parentes. Vanda, filha de Joaquim, secretamente não via a hora do pai bater as botas. O motivo era que o comportamento indecoroso de Quincas e o fato de todas as suas vagabundagens só servirem para manchar mais ainda o nome da família. Para a filha o pai "morrera" muitos anos antes, quando decidiu se rebelar.
Os outros membros da família também demonstram bastante indiferença e no livro dificilmente você encontrará um deles derramando uma sequer lágrima.
Os outros membros da família também demonstram bastante indiferença e no livro dificilmente você encontrará um deles derramando uma sequer lágrima.
Em contraste a essa frieza toda, a notícia da morte do "Rei dos Vagabundos da Bahia" foi recebida mal pelos bêbados, vagabundos e melhores amigos de Quincas, eles choraram, e quase não acreditaram. Curió, Negro Pastinha, Cabo Martim, Pé de Vento e Quincas eram inseparáveis, mais que amigos, eram Família, com certeza mais família do que Vanda e Dona Octacília (a finada esposa) poderiam ser, afinal esses sim o amavam de verdade, até o chamavam com um nome carinhoso: "Paizinho" .
Os quatro companheiros ao saberem da notícia foram até a humilde casa de Quincas, prestaram condolências, choraram e se estranharam com a família de Joaquim, que também não foi muito com a cara dos vagabundos.
Após insistirem muito os quatro amigos conseguem convencer a família a ir para casa e descansar enquanto eles tomam conta do defunto. Conseguindo o tão esperado tempo sozinho com o velho amigo, e já bêbados com as garrafas que haviam comprado e certos de que toda essa história de morte era apenas uma de suas brincadeiras, os homens retiram Quincas do caixão e o levaram à festa de Mestre Manuel, um velho conhecido.
Nessa noite fatídica, os cinco amigos andam pela cidade, conversam, riem, e fazem muitas outras coisas que te levam a acreditar que Quincas Berro D'água está sim, vivo (apesar de não estar). Porém enquanto ocorria a tal festa no barco do Mestre Manuel, uma forte tempestade se inicia, fazendo com que o corpo de Quincas caia no mar.
Dessa maneira termina A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água, o vagabundo mais famoso da Bahia, com uma morte digna: Misteriosa, confusa e ainda assim muito admirada... como o próprio.
Dessa maneira termina A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água, o vagabundo mais famoso da Bahia, com uma morte digna: Misteriosa, confusa e ainda assim muito admirada... como o próprio.
Minha Opinião:
Eu realmente gostei do livro, um verdadeiro clássico, bem peculiar e de vez em quando, confuso, mas sem nunca ficar entediante.
O livro é curto (92 páginas) e tem uma leitura fluída, salvo as vezes em que se tem que parar para pesquisar palavras mais antigas, e mesmo se tratando de algo tão triste e "pesado", como a morte, não deixa de ser bem humorado e "leve."
Outra coisa que me chamou a atenção é o relacionamento de Quincas com seus amigos e com sua "amante" (Quitéria do Olho Arregalado, ela é prostituta). Um relacionamento de certa forma inesperado pois mostra que nos lugares menos propícios pode haver o amor e a admiração. Quando se pensa em vagabundos bêbados e prostitutas dificilmente se imaginaria que nasceria carinho, fidelidade e respeito. Eu recomendo o livro.
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