Conheça o Artista | René Magritte

A Traição das Imagens - 1929
Você com certeza já deve ter ouvido falar, ou pelo menos visto, uma das obras de René Magritte, já que ele é um dos mais importantes artistas do surrealismo e referências à suas obras circulam por toda parte (desde, livros e filmes até anúncios publicitários!). Eu particularmente me interessei pelas suas obras há alguns anos, por causa de um livro que li, não me recordo o nome, e a partir disso resolvi pesquisar mais e mais sobre esse pintor surpreendente e sobre suas obras inusitadas.


René François Ghislain Magritte, foi um dos principais pintores do movimento surrealista belga . Nascido em 21 de novembro de 1898, na pequena cidade de Lessines, Bélgica. Magritte aos 14 anos perdeu a mãe, que se suicidou mergulhando no rio Sambre, um acontecimento testemunhado pelo próprio pintor. Há quem diga que esse acontecimento marcou a vida de Magritte profundamente, tanto é que a pintura Les Amants (Os Amantes), onde aparecem duas pessoas encapuzadas se beijando, foi inspirada na mãe, encontrada morta com o vestido cobrindo a cabeça, como um capuz.

Os Amantes - 1928
Quatro anos depois, em 1916, o rapaz foi admitido na Académie Royale des Beaux-Arts na capital da Bélgica, cidade de Bruxelas, onde permaneceu por dois anos.
Magritte já trabalhou como desenhista em uma fábrica de papéis de parede e designer de cartazes de ofertas publicitárias. Porém por volta de 1926 ele assina um acordo com a Galeria de Artes de Bruxelas e começa a se dedicar verdadeiramente a pintura. Nesse mesmo período ele cria a obra surrealista Le Jockey Perdu (O Jóquei Perdido - Primeira versão pintada em 1925). Essa obra é considerada pelo próprio pintor sua primeira "realized picture" e trazia a ideia poética que viria ser muito comum em suas próximas obras. Um ano depois foi realizada sua primeira exposição, que infelizmente não agradou muito as críticas.

O Jóquei Perdido - 1925
René Magritte praticava o "realismo mágico" ou o surrealismo realista. Ele inicialmente imitava a vanguarda porém após perceber que precisava de algo mais poético, se influenciou nas pinturas de Giorgio Chirico, um pintor muito respeitado e criador de uma corrente surrealista, apesar de autodenominar suas pinturas como metafisicas.


O Filho do Homem é outra obra muito conhecida de Magritte, porém o que muitos não sabem é que se trata de uma representação verdadeiramente surrealista do pintor, um auto-retrato. 
O mais bizarro (e intrigante!) desse quadro é a naturalidade com que a maçã é introduzida na cena, simplesmente pairando no ar, é interessante, é curioso, misterioso e mais um monte de adjetivos utilizados para dizer que o observador irá demorar-se em frente a essa obra, apenas para compreende-la, afinal não se pode desvendar todos seus mistérios imediatamente.
 Atualmente O Filho do Homem pertence a uma coleção particular, portanto se você quiser desfrutar dessa obra de arte, terá de optar pelas réplicas.

Vejamos agora outros quadros de René Magritte: 

Não Deve Ser Reproduzido (Not to be Reproduced) - 1937

Not to be Reproduced é outro clássico que "brinca" com nossa mente, pois logo que olhamos a cena percebemos que se trata de um espelho, porém como um espelho refletindo algo que nem está "virado" para ele? Certamente não seria um espelho, mesmo assim por que existiriam duas pessoas idênticas na mesma posição?

Apesar de não parecer, Not to be Reproduced, é um retrato de Edward James, um poeta britânico e patrocinador da arte surrealista, considerado por muitos o "príncipe surrealista". Essa foi uma das muitas obras encomendadas por ele.

A Queda (Golconda) - 1953



Sem Título (Shell in the Form of an Ear) - 1956
A Promessa (La Promisse) - 1950
A Clarividência - 1936
 The Seducer Lithograph - 1950


Como é possível observar em suas obras, Magritte é um verdadeiro gênio do surrealismo e da arte contemporânea em geral. Sua arte é pintada com tanta nitidez que parece muito realista, porém suas obras possuem anomalias por toda parte. Talvez seja isso que nos atraía tanto nessas telas, porque elas "exploram nossa compreensão oculta da esquisitice terrena..."


Agora, para fechar com chave de ouro, um pedaço de um poema que estava no meu livro de português:

"Magritte desenhou um cachimbo,

com a seguinte legenda embaixo:
"Isto não é um cachimbo." 
Pensei que ele era doido varrido,
ou estava mentindo.
Claro que era um cachimbo,
era igualzinho o do meu avô!
Mas olhei de novo e aí entendi.
Parecia de verdade, mas não passava de um desenho.

[...]


Uma maçã desenhada não mata fome, 

e cão bravo na tela não morde.
Que sorte! Eu, que adoro desenhar cobra cascavel, 
Já teria ido para o beleléu.
Magritte brincava de misturar fantasia com realidade.
Desenhava os objetos como se fossem de verdade,
só que eles apareciam nos lugares mais engraçados:
nuvens entrando por uma porta,
um ovo preso na gaiola , e por aí afora.
É como sonhar, ir ao cinema, ou ler uma história.
Todo mundo está careca de saber que é tudo inventado,
mas na hora a gente ri e ás vezes até chora."

-Adriana Abujamra, Magritte: mentira de verdade. Traços travessos, São Paulo: Geração Editorial, 2003.






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