A Fuga
Noite passada enquanto comia miojo em meu
apartamento li um texto que me tocou fundo principalmente na parte que dizia:
"Imagine um livro de colorir. Eu vivia pintando o meu da mesma cor. Toda
vez. Aí eu passei uns dias olhando para a página ainda não preenchida e vi que
eu poderia colocar todas as outras cores se realmente quisesse. E foi
exatamente isso que fiz."
Então eu me levantei e fiquei me encarando
uns segundos no espelho, eu, que sempre fui fascinada pelas cores, ultimamente
vinha optando sempre pelo cinza. Aos poucos sentia que ia me misturando com
essa cidade. “Onde estava o brilho que tinha quando vim para cá?” era o que me
perguntava quase diariamente. Isso tudo foi o suficiente para a primeira
lágrima cair e depois a segunda, e a terceira, e lá se foi a minha noite.
Lá pelas 3 horas da madrugada eu já estava
decidida: Amanhã de manhã eu fugiria! Dane-se meu emprego medíocre! Afinal de
contas meu tio sempre dizia que eu era jovem e podia fazer o que quisesse.
Peguei minha mochila com estampa de
estrelas e fui enchendo com tudo o que eu precisaria, talvez ficasse mais de
uma semana fora. Roupas, sapatos, celular, meu caderninho de anotação/desenho,
câmera fotográfica, alguns romances da Sophie Kinsella, meu livro A Menina que
Colecionava Borboletas que ainda não tive tempo de ler, meus doces favoritos
caso eu fique com fome (ou triste), documentos, cartão de crédito, entre
outros.
Eu teria que quebrar o meu cofrinho, no
começo fiquei meio apreensiva já estava juntando dinheiro há quase dois anos,
porém esta era uma questão de vida ou morte, precisava salvar minha essência!
Agora mesmo estou no ônibus indo para o
lugar mais longe que pude, estou envolvida pela canção da Mallu Magalhães (não
consigo explicar, algo nas canções dela sempre me fizeram tão bem). Estou
desenhando e não estou prestando atenção, mas quem se importa, meu vazio
existencial finalmente foi preenchido!
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